Acessibilidade nos materiais didáticos para pessoas com deficiência visual

Cíntia

Acessibilidade. Você já parou para pensar que a Educação a Distância (EaD) tornou-se sinônimo de democratização do ensino, no entanto, quando o assunto é acessibilidade o caminho ainda é longo. É raro encontrar materiais didáticos que são pensados desde a sua concepção numa linguagem universal, ou seja, para todos.

Entre as deficiências mais comuns, a visual é a mais representativa sendo expressa em: 3,6% dos brasileiros. Esse percentual representa 6,5 milhões de brasileiros com alguma deficiência visual, segundo o último censo do IBGE, de 2010. Desses, 500 mil são pessoas cegas e 6 milhões possuem baixa visão.

Para instituições que visam um maior número de alunos ou para aquelas preocupadas mesmo com a inclusão, é preciso repensar as suas práticas a começar pela elaboração dos seus materiais didáticos.

Considerando a importância dos recursos educacionais para a formação na modalidade a distância, questiona-se: Como torná-los acessíveis para pessoas com deficiência visual?

Para esse público a acessibilidade se dá por meio da Audiodescrição (AD). Trata-se de uma tecnologia assistiva e de um tipo de tradução intersemiótica, que transforma o visual em verbal.

Ela também é definida como um recurso de acessibilidade comunicacional que amplia o entendimento das pessoas com deficiência visual, assim como de outros públicos como pessoas com autismo, com déficit de atenção, com deficiência intelectual, idosos, entre outros.

O tema da Audiodescrição é vasto e não se esgota em apenas um artigo, mas o que é importante saber para instituições e empresas que trabalham com design instrucional?

  • A AD deve ser realizada por um audiodescritor e por um consultor em audiodescrição, ambos com formação técnica na área.
  • O audiodescritor é responsável pela elaboração do roteiro do conteúdo e pela narração (no caso de materiais audiovisuais).
  • Já o consultor em audiodescrição é a pessoa com deficiência visual, que irá acompanhar e aprovar o material audiodescrito.
  • Considera-se que o seu planejamento deve ser integrado já no início do projeto sem a necessidade de adaptação futura, como nova ação, dos recursos educacionais elaborados.
  • Para a elaboração da AD para recursos educacionais para cursos EaD considera-se necessário que o audiodescritor integre a equipe multidisciplinar comum neste planejamento e desenvolvimento de cursos a distância.
  • O audiodescritor integrará diretamente com alguns profissionais desta equipe, como, design educacional, roteirista, designer gráfico, webdesigner.
  • Para um bom trabalho de AD é preciso considerar o tema a ser acessibilizado. No caso de uma disciplina na área de Botânica, aconselha-se um profissional da área integrado à equipe.

Diferente da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que atende pessoas com deficiência auditiva, a Audiodescrição é pouco conhecida. No entanto, tornar acessível o ensino para todos os públicos de maneira universal está amparado pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI). Mas, tratando-se de um país que não cumpre as leis por não haver uma fiscalização e autuação, o resultado é de um desconhecimento e até mesmo um descaso. Somos um país movido por uma cultura incipiente quanto a práticas acessíveis.

No entanto, isto vem mudando lentamente. Cada vez mais temos pessoas com deficiência matriculadas em todos os níveis de ensino. No caso das pessoas com deficiência visual, é possível, sim, tornar essa formação mais agradável. No caso dos alunos que usam leitor de telas, com a Audiodescrição das imagens o conteúdo já pode ser absorvido praticamente em sua totalidade.

Para finalizar, cabe aqui uma reflexão: para pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis; para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis.

Para saber mais sobre Audiodescrição entre em contato pelo site www.brisateixeira.com

Foto preto e branca de Brisa Teixeira. Ela  tem a pele clara. Cabelos castanhos compridos e um largo sorriso.

Sobre a autora

Brisa Teixeira

Jornalista desde 1998 e mestre em Educação pela UFSC (2015), com pesquisa e artigos publicados na área de EaD. Proprietária da Tic Tag Comunicação & Educação Acessíveis, especializou-se em conteúdos para pessoas com deficiência visual: Audiodescrição (AD) e narração de audiobooks e livros falados. Também faz Legendas para Surdos e Ensurdecidos (LSE) e é revisora de trabalhos acadêmicos e produções editoriais.